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“Cavalo” coloca Alagoas no circuito do audiovisual brasileiro

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Por Maria do Rosário Caetanto

“Cavalo”, o primeiro longa-metragem alagoano produzido com edital público, estreia nessa quinta-feira, 12 de agosto, em cinemas de São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Aracajú, Vitória, Fortaleza e, claro, em duas salas de Maceió, a capital do estado nordestino (ver trailer). Estreia, também, em Arapiraca, terra natal de uns dos diretores, Rafhael Barbosa, que realizou o filme em parceria com Werner Salles.

Nos últimos anos, curtas-metragens alagoanos foram selecionados por importantes festivais brasileiros e jovens realizadores somaram, de forma inédita, energias para colocar o cinema da terra de Graciliano Ramos no mapa audiovisual brasileiro.

Rafhael e Werner mostram grande entusiasmo ao falar da “cena audiovisual” alagoana, que promete, para depois da pandemia, “cinco novas longas-metragens, cinco telefilmes e 93 curtas-metragens”.

Não se trata de promessa vã, nem de cinema de papel. “Todos esses filmes”, garantem os diretores de “Cavalo” – “já dispõem de financiamentos oriundos de diferentes fontes, que vão de editais lançados por prefeituras e pelo Governo do Estado, em parceria com a Ancine (Agência Nacional de Cinema), até projetos contemplados pela recente (e emergencial) Lei Aldir Blanc. A Prefeitura de Maceió tem como titular JHC, do PSB (Partido Socialista Brasileiro). O Governo do Estado é comandado pelo emedebista Renan Filho (como o nome indica, filho do senador Renan Calheiros).

“Cavalo”, o filme que vem mobilizando a energia de seus autores e de uma trupe de apoiadores, mostra sete jovens dançarinos, de origem afro-brasileira, mergulhados em processo artístico e empenhados em buscar suas ancestralidades.

Rafhael e Werner contam que sempre se interessaram pela história do Quilombo dos Palmares, situado nas Alagoas, “uma das maiores narrativas de resistência do mundo”. Ao preparar o longa-metragem, entenderam que “seria instigante investigar os ecos desse passado em nossa contemporaneidade”. Daí que “a ancestralidade foi o caminho encontrado para expressar essa busca”.

Quem conhece, por pouco que seja, os cultos afro-brasileiros sabe que o “cavalo” é uma entidade mediúnica, que se apossa do corpo de um pessoa em processo de transe.

Raphael e Werner decidiram, então, investigar “a relação entre o médium, nas religiões de matriz africana, com as entidades que o incorporam”. “Cavalo” se materializou, a partir desse intento, com a contribuição dos sete bailarinos afro-alagoanos. Depois de exaustivos ensaios coletivos, a trupe somou performance, dança e rito.

Ao filme “Cavalo”, mesmo que apresentado como documentário, cabe bem melhor o conceito de “obra híbrida”, já que soma ficção experimental e registro.

A Revista de CINEMA conversou com os dois diretores de “Cavalo” sobre o momento vivido pelo cinema alagoano, que busca sua “primavera” e – quem sabe – repercussão similar à de outros estados nordestinos (caso de Pernambuco, Bahia, Ceará e Paraíba). E também sobre o filme que chega, essa semana, aos cinemas.

“Cavalo” é o primeiro longa alagoano produzido por edital de fomento. Quem apoiou o filme? O Governo Federal, estadual ou municipal?

Rafhael Barbosa – O filme foi realizado com recursos do Prêmio Guilherme Rogato, da Prefeitura de Maceió, lançado em 2015. Esse edital foi o primeiro de Alagoas a fomentar um longa (com aporte de R$ 600 mil). Ele foi também a primeira experiência de edital alagoano em parceria com o programa Arranjos Regionais, da Ancine (Governo Federal). Esse programa, que hoje foi rebatizado de Coinvestimentos Regionais, multiplica o aporte de prefeituras e governos estaduais em editais de audiovisual. A princípio o valor era multiplicado por 3, e atualmente o programa multiplica por até 6 o aporte do ente (parceiro) local.

Como eram feitos os longas do estado, antes da criação dos mecanismos que fomentaram “Cavalo”?

Rafhael Barbosa – Uma coincidência interessante é que, em 2021, dá-se a efeméride do centenário do cinema alagoano. Em 1921 nosso pioneiro Guilherme Rogato (que deu nome ao edital da Prefeitura) exibiu os primeiros filmes produzidos em Alagoas, intitulados “Carnaval de 1921” e “A Inauguração da Ponte de Cimento em Victória”. Os dois curtas foram exibidos ao público maceioense no dia sete de abril de 1921, no Cine-Teatro Floriano. Os primeiros longas produzidos em nosso estado foram “Um Bravo do Nordeste” (1930), do egresso do ciclo de Recife Edson Chagas, e “Casamento é Negócio?” (1933), de Guilherme Rogato, ambos feitos com patrocínios de empresários ou do próprio Governo. Ou até com empréstimos. Os longas mais recentes foram “A Volta pela Estrada da Violência” (1971) e a pornochanchada “Mulheres Liberadas” (1982). Estamos destacando os longas que chegaram ao circuito de cinemas. Existe uma produção de outros longas que poderiam ser chamados de “cinema de bordas”, aqueles que são lançados informalmente.

Alagoas está vivendo um momento de significativa produção audiovisual. Como isso se dá, se na área federal a situação está praticamente paralisada há dois anos e meio? 

Rafhael Barbosa – O primeiro edital para o fomento do audiovisual em Alagoas foi lançado pelo Governo em 2011, há exatos 10 anos. Mais uma data simbólica. Mas esse nosso ciclo contemporâneo teve início alguns anos antes, em 2003, com o lançamento do projeto DocTV, fruto de política federal, que teve impacto muito forte aqui em Alagoas. Werner Salles, codiretor de “Cavalo”, dirigiu os documentários “Imagem Peninsular de Lêdo Ivo” e “História Brasileira da Infâmia – Parte I”, dois filmes que fizeram muito sucesso na TV pública. O edital de 2011 foi de pequena monta e financiou cinco curtas com R$ 15 mil cada, entre eles meu primeiro curta de ficção, “KM 58”. No ano seguinte, o governo do Estado lançou um novo edital de curtas, agora investindo em cinco produções com R$ 20 mil. Tanto meu curta de ficção “O que Lembro, Tenho”, quanto o documentário “Exu – Além do Bem e do Mal”, de Werner, são dessa safra. Em 2013, a Prefeitura lançou seu primeiro edital, também para curtas. Já a política de investimento em longas-metragens, em parceria com a Ancine, começou em 2015. No ano seguinte, o Governo do Estado lançou seu primeiro edital para longas, também em parceria com a Ancine. Foram selecionados dois títulos: “Olhe para Mim”, meu primeiro longa de ficção, e “Ed. Miami”, dirigido por Werner Salles. Ambos estão em fase de pré-produção. Nosso setor é muito organizado e articulado, por isso tem lutado pelo fortalecimento dessas políticas públicas por meio de movimentos como o Quebre o Balcão, o MOVA e, posteriormente, com a Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano – FSAL, que surgiu como um desdobramento da ABD&C (Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas), seccional Alagoas.

Vocês, além de filmes, fazem política cultural e audiovisual sem descanso, não?

Rafhael Barbosa – Isso mesmo. Em 2018, uma ação realizada pelo nosso Fórum, o FSAL, teve reflexo muito importante para o que está acontecendo atualmente. Fizemos uma grande caravana rumo ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, levando diversos realizadores e representantes do poder público. Produzimos material gráfico para divulgar nossas produções nas Rodadas de Negócios do evento. Distribuímos um catálogo com nossa produção para jornalistas e profissionais do cinema de todo país. Conseguimos espaço para realizar mostra paralela dentro do festival, e fizemos um painel sobre a política de Arranjos Regionais, com a presença de representantes do Governo do Estado de Alagoas e da Prefeitura de Maceió. Conseguimos sensibilizar os gestores e ambos saíram da capital federal com o compromisso de lançar editais respondendo à chamada pública da Ancine, que se encontrava aberta. Em 2019, a Prefeitura lançou um edital com investimento de R$ 6 milhões, para três longas, três telefilmes e 12 curtas. No mesmo ano, a Prefeitura de Arapiraca também aderiu à chamada e lançou um edital de R$ 1 milhão para 2 telefilmes e 8 curtas. E por último, o Governo do Estado lançará nos próximos dias um novo edital, referente à mesma chamada, com investimento de R$ 8 milhões.

E a paralisação da Ancine? Atrapalha? Ou vocês estão conseguindo o apoio necessário do estado e do município?

Rafhael Barbosa – A paralisação da Ancine tem tornado tudo mais lento, porém algumas contratações estão caminhando. Cito como exemplo meu próximo longa, “Olhe para Mim”. O projeto foi contemplado num edital em 2016, mas o desembolso do BRDE só aconteceu em julho passado, cinco anos depois. Os projetos contemplados nos editais posteriores estão todos em fase de contratação, vivendo o mesmo drama que centenas de outros projetos de todo o país. Lentidão, atraso, insegurança. Mesmo assim, a soma de todos os projetos de filmes em produção em Alagoas chega a 102 títulos. A maioria deles, 73, são curtas provenientes da Lei Aldir Blanc. Nossos curtas têm alcançado boa repercussão em festivais. Fizemos questão de registrar no material de divulgação de “Cavalo” que “o ano de 2020 foi um marco simbólico para a produção de Alagoas. Nosso filme (que agora chega ao público), o primeiro longa alagoano realizado a partir de edital público, chegou ao circuito de festivais como ponta de lança de uma cena que antes já vinha cavando espaço com curtas-metragens premiados”.

Que festivais serviram de vitrine para essa nova produção alagoana? 

Rafhael Barbosa – Muitos. O ano de 2020, por exemplo, começou com a presença recorde de quatro filmes alagoanos na Mostra de Tiradentes. No mesmo mês de janeiro, pela primeira vez, um curta realizado no estado (“Como Ficamos da mesma Altura”, de Laís Araújo) era exibido no prestigiado Festival de Roterdã, na Holanda. Em Gramado, foi a vez de “Trincheira”, de Paulo Silver, levar o cinema alagoano para o festival mais popular do país. Um feito também inédito, assim como foi a seleção de “A Barca”, de Nilton Resende, para o Festival de Havana, o mais importante da América Latina. Além dos festivais, os realizadores de Alagoas têm se destacado em laboratórios nacionais e internacionais. O roteiro do longa “Marina”, de Laís Araújo, foi o único brasileiro selecionado pelo Hubert Bals Fund, em 2019, mesmo ano em que o jovem cineasta Ulisses Arthur (“As Melhores Noites de Veroni”, “Ilhas de Calor”) saiu do BrLab com o prêmio da Incubadora Paradiso e o prêmio Desenvolvimento da Vitrine Filmes (ambos para o projeto de seu primeiro longa, “Não Estamos Sonhando”).

Nesse exato momento, qual é o quadro apresentado pela produção alagoana?

Rafhael Barbosa – Os novos longas de Laís Araújo e de Ulisses Arthur somam-se a mais de 100 outros filmes alagoanos atualmente em fase de preparação ou produção. São cinco longas, cinco telefilmes e 93 curtas já financiados por diferentes fontes, que vão desde editais lançados por prefeituras e pelo Governo do Estado, em parceria com a Ancine, até os projetos contemplados pela recente Lei Aldir Blanc.

“Cavalo” é um híbrido que soma documentário e ficção. Como se deu a pesquisa que embasou o filme? Além de vocês, os dois diretores, quem mais contribuiu para o filme? Qual foi o papel criativo desempenhado pelos atores-bailarinos?

Werner Salles – Desde “Exu – Além do Bem e do Mal”, meu filme de 2012, temos desenvolvido projeto artístico que se relaciona com os arquétipos dos orixás e das entidades. Uma pesquisa de oito anos que influenciou na concepção do nosso primeiro longa. Também estávamos estudando a história do Quilombo dos Palmares, uma das maiores narrativas de resistência do mundo, quando entendemos que seria instigante investigar os ecos desse passado em nossa contemporaneidade. A ancestralidade foi o caminho encontrado para expressar essa busca. A pesquisa inicial era investigar a relação entre o médium, nas religiões de matriz africana, com as entidades que nele incorporam. Era entender essa relação entre corpo, inconsciente e o inconsciente coletivo que essas entidades representam. Contudo, a pesquisa foi se ampliando ao longo do tempo para o terreno da dança, principalmente da dança contemporânea. A partir de um teste de elenco com vários jovens de Alagoas nos deparamos com histórias de personagens que tinham uma relação muito expressiva com o corpo, na dança, no hip hop e nos terreiros. Isso foi um plot para o filme. Os personagens trouxeram suas vivências e suas potências para o roteiro.

A dança, então, foi incorporada ao projeto do filme e tornada essencial… 

Werner Salles – Isso mesmo. Decidimos, então, fazer um filme-processo, criando um ambiente para esses personagens expressarem suas identidades e suas ancestralidades, através do corpo e da dança, que é também é uma forma de acessar o inconsciente, tal qual a incorporação.

Ao realizar, em “Cavalo”, busca de um cinema mais sensorial, vocês, os dois diretores, assumiram riscos. Vocês acreditam que o filme poderá enfrentar dificuldades de diálogo com o grande público? Ele já foi exibido para plateias populares?

Werner Salles – Apesar de ser um filme que não segue uma narrativa clássica, “Cavalo” se comunica com o público através da emoção, através da poesia. Acreditamos e apostamos nisso. “Cavalo” também é um filme que mergulha em um universo de símbolos e arquétipos, principalmente das culturas de matriz africana, que estão presentes no Brasil profundo. É um filme identitário, de certa forma. E isso tem gerado interesse do público. Mas também tínhamos uma certa dúvida, sim, de como o filme seria recebido. Se as pessoas realmente iriam embarcar na nossa opção de linguagem. A carreira em festivais mostrou que o filme tem um apelo forte. Uma recepção muito emocional. No final da sessão, em Tiradentes, o público estava muito emocionado. Algumas pessoas até dizem que “Cavalo” é um filme pop, muito contemporâneo. Acho que isso tem a ver também com a musicalidade, a pulsão de juventude e de vida das personagens. Ele foi visto por cerca de 15 mil pessoas em festivais, a grande maioria deles on-line. Acreditamos que as salas de cinema vão amplificar a experiência. No cinema, com tela grande e som 5.1, o filme vai bater muito mais forte, sem dúvida.

Alagoas conta com profissionais para a área técnica (diretores de fotografia, montadores etc.)? Ou ainda se faz necessário buscar técnicos no eixo Rio-São Paulo? Ou em outros estados nordestinos, nos quais a produção de longa-metragem se mostra mais volumosa e constante?

Werner Salles – Alagoas não possui cursos universitários de cinema. A maioria dos profissionais tem formação autodidata, como é o caso de nós dois, diretores, e da maioria da equipe. Nossa escola tem sido a prática e a experimentação. A grande quantidade de filmes em produção vai fazer muita diferença nesse amadurecimento técnico dos profissionais, que tem evoluído a cada safra. “Cavalo” contou com uma grande maioria de profissionais de Alagoas nas cabeças de equipe e assistências, mas também tivemos uma composição que trouxe nomes nacionais. De Pernambuco vieram o fotógrafo Roberto Iuri, que também fotografou “Cabeça de Nego”; Simone Dourado, técnica de som direto que trabalhou na equipe de som de “Bacurau”, e o finalizador Gabriel Çarungaua (“Lucrécia Vai para Marte”). Do Ceará, Lucas Coelho que mixou “Inferninho” e “Corpo Elétrico”, e de São Paulo o assistente de direção Guilherme César (“Rio Cigano”) e a controller Ana Paula Araújo (“Acqua Movie”). Não atribuo essa composição a ausência de profissionais em Alagoas. A maioria das produções nacionais trabalha com profissionais de diversas regiões e até nacionalidades, de acordo com a busca dos perfis que interessam ao projeto.

Como o filme dialoga com tradições afro-brasileiras seja no plano do sagrado, seja no terreno da dança, vocês esperam sensibilizar adeptos do candomblé, da umbanda e de outras tradições religiosas de origem afro?

Werner Salles – Desejamos que todo mundo veja “Cavalo”, mas sem dúvidas as pessoas de matriz africana têm se conectado com o filme de uma maneira muito mais intensa. Principalmente em Alagoas, mas também em outros estados, nossa estratégia de lançamento está muito voltada para a mobilização desse público. Estamos organizando sessões especiais e convidando membros de terreiros, comunidades quilombolas e coletivos de cultura negra. Conseguimos apoio de diversas prefeituras, que vão promover caravanas para levar pessoas aos cinemas para ver o filme. Muitas delas nunca foram ao cinema antes. Em Maceió o filme vai entrar em cartaz no Arte Pajuçara, sala do circuito alternativo, mas também no Cinesystem, multiplex que fica no maior shopping da cidade. Será um movimento bem bonito. O filme é muito querido em Alagoas pelo marco histórico que representa e pela representação afirmativa e afetiva que faz da cultura do estado.

 

Cavalo
Alagoas, 85 minutos, 2021
Direção: Rafhael Barbosa e Werner Salles
Fotografia: Roberto Iuri
Montagem: Werner Salles e João Paulo Procópio
Elenco: Alexandrea Constantino, Evez Roc, Joelma Ferreira, Leide Serafim Olodum, Leonardo Doullennerr, Robert Maxwell e Sara de Oliveira


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